Meu Caminho Aikidoka

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domingo, 20 de agosto de 2017

Meu Caminho Aikidoka - Pré Julgamento

Este final de semana tive a honra de participar com a equipe de apoio em um evento no Dojo de Aikido do qual faço parte há pouco mais de 6 meses. O Self Defense for Women 5th Ed.
Além dos treinos regulares de defesa pessoal ministrados pelo meu Sensei todos os meses, tive mais esta oportunidade de acompanhar o Sensei em seu trabalho.
Em suma, o evento se tratava de um curso ministrado pelo Sensei Marcos Tavares (Sensei do meu Sensei) de defesa pessoal voltada para mulheres de todas as idades a fim de nos trazer uma visão bastante aflorada de ações que nós, mulheres, podemos tomar em situações de risco além de uma vasta explanação de condutas preventivas em casa, na rua, no trabalho, na balada e em diversas outras ocasiões do nosso dia a dia.
Foi uma experiência única pois, estando na equipe de apoio e não participando diretamente das atividades, pude observar bem de perto as mulheres que participaram do evento "desabrochando" conforme as horas passavam.
Algumas chegando bem tímidas ao nosso local de treino, com um misto de energias misturadas. Outras se escondendo por traz de um escudo bem pesado de autoconfiança, que foi sendo deixado de lado ao tempo que as atividades se intensificavam. Ao final do evento todas vibrando na mesma energia de confiança e maturidade. Sabendo o quão são poderosas e podem cuidar de si mesmas e umas das outras. Ah, como seria bom se esse sentimento perdurasse por toda a vida! Mas seria fácil demais, não é mesmo?
Olhar para cada uma daquelas mulheres durante os primeiros áudios que o Sensei passa logo no início do curso é revelador. Enquanto algumas demonstravam profunda empatia e ficavam tristes com o que ouviam, só por tomarem consciência de uma realidade que sempre passou longe delas, outras estavam revivendo intimamente momentos esquecidos há tempos... ou talvez da semana passada... de ontem.
O fato é que por tempo demais lembramos que temos uma história, um passado, quase nos esquecendo que por trás de cada rosto que vemos em casa, nas ruas, no trabalho, existe uma coletânea quase que incontável de histórias demasiadamente parecidas com a nossa, enquanto outras são tão diferentes que jamais ousamos imaginar.
Toda essa experiência me fez pensar em julgamento e preconceito. Essas duas palavras nos acompanham inconscientemente durante toda a nossa existência, muitas vezes sem que ao menos tomemos consciência delas, do que significam e em como estas moldam os nossos pensamentos e ações.
Muitos dos pensamentos que eu desenrolo tem como única base as experiências que eu vivencio e o meu ponto de vista pessoal sobre tudo o que eu vejo e sinto. Embora por muitas vezes eu busque estudos científicos que corroborem a minha visão sobre as coisas, não gosto de ficar presa a conceitos e nem me sinto obrigada a buscar a aprovação de nenhum grande estudioso dos comportamentos humanos para isso. É apenas uma área que me chama muita atenção e eu gosto de ir me descobrindo assim.
Retomando, é engraçado perceber o quanto somos reféns dos nossos próprios pensamentos e o quanto a nossa imagem é moldada com base nos nossos preconceitos e julgamentos. Como é fácil olhar para alguém que você não conhece e automaticamente desenrolar uma visão completa desta pessoa ao ponto de você decidir se gosta dela ou não! Sem perceber, ficamos condicionados à este pensamento de que não gostamos desta ou daquela outra pessoa e jogamos janela afora a oportunidade inestimável de conhecer uma outra história, de desenvolver empatia, de se trabalhar, de servir a alguém, de ajudar, de ser ajudado ou de simplesmente permitir que alguém passe pela nossa vida de forma verdadeira... sendo nada mais que ela mesma e sua particular bagagem de vida.
Por outro lado, como é difícil deixarmos de lado esses pré julgamentos. No fundo, bem no fundo, acreditamos que eles nos protegem, não é mesmo? Como temos pavor de sofrer, o pré julgamento se torna meio que um escudo que nos protege das outras pessoas e, através dele, selecionamos quem pode e quem não pode atravessar essa barreira que nós mesmos criamos, como a membrana plasmática das nossas células. É como se inconscientemente selecionássemos e separássemos friamente quem é merecedor do nosso respeito, atenção e carinho dos que não tem esse direito levando em consideração única e exclusivamente este nada universal no qual decidimos acreditar mais do que em nós mesmos. Intimamente imaginamos que isso possa ser mais fácil do que lidar com a decepção. Apenas não nos demos conta ainda de que a real decepção é nos privarmos das experiências que poderiam facilmente nos levar a outro patamar nas nossas vidas.
Pessoalmente tenho trabalhado no meu interior essa mudança. Tenho descoberto o quanto tenho a ganhar com isso e o quanto vinha perdendo até então.
Não, não tem sido fácil lidar com a quantidade imensa de informação que me tornei obrigada a lidar desde que tudo começou, principalmente com as minhas verdades interiores. Uma coisa é certa, à partir do momento em que você se dispõe a enxergar a verdade dos outros, a sua verdade começa a aparecer também, pouco a pouco e você vai tomando consciência sobre você como ser humano, e isso é difícil. Em alguns momentos eu cheguei a pensar que não estava preparada para tamanho nível de autoconhecimento. Percebi que encarar a minha realidade interior é infinitamente mais difícil do que ver a realidade das outras pessoas. Conseguir enxergar o tipo de pessoa que eu me tornei ao longo dos anos e ir descobrindo tudo o que tem me tornado quem eu sou hoje de verdade tem sido uma jornada árdua, porém reveladora. Nos últimos meses tenho aberto portas inconscientes que vinham sido trancadas por muito tempo e me forçado e entrar em cada uma delas, remexendo sentimentos, lembranças e verdades que eu havia escondido de mim mesma por muitos anos. Por medo, por me ver incapaz de lidar ou por apenas achar que não valiam à pena. Enfim, o fato é que no final, você percebe que tudo se trata muito mais de você mesmo do que dos outros e, não importa a situação, lembre-se: cada rosto na multidão carrega uma bagagem que você desconhece. Então, antes de tudo e qualquer coisa: Be Kind, always!

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